quinta-feira, maio 12, 2005

A culpa é da vontade

A culpa não, não é do sol, se o meu corpo se queimar
A culpa é da vontade, que eu tenho de te abraçar
A culpa não, não é da praia, se o meu corpo se ferir
A culpa é da vontade, que tenho de te sentir

A culpa é da vontade, que vive dentro de mim,
e só morre com a idade, com a idade do meu fim..

A culpa é da vontade..

A culpa não, não é do mar, se o meu olhar se perder
A culpa é da vontade, que tenho de te ver,
A culpa não, não é do vento, se a minha voz se calar
A culpa é do lamento que sufoca o meu cantar

A culpa é da vontade, que vive dentro de mim,
e só morre com a idade, com a idade do meu fim..

A culpa é da vontade...


By António Variações


domingo, maio 08, 2005


No comments, havia que lá estar.

quarta-feira, maio 04, 2005

A Tirania do Riso.

Perguntei-me: "Mas que raio é a tirania do riso!?" Agora já sei, e faz sentido. Vivemos a tirania do riso, não hajam dúvidas. Não falo dos "Malucos do Riso", dos "Batanetes" nem do "Levanta-te e Ri". É uma tirania diferente essa, mas só se sujeita a ela quem quer...

A tirania de que falo é inevitável, imposta pela sociedade. É a tirania do engraçado, da piada, do sentido de humor. Repare-se num grupo de pessoas que acaba de se conhecer, repare-se no esforço que todos, mesmo todos, fazem para ter piada, para mostrar boa disposição, bom humor, enfim, felicidade. A disputa pela próxima piada chega a fazer rir...
Teremos que nos rir de uma piada que nos ocorre 1 segundo antes do primeiro a carregar no botão a dizer?

Impressionaremos alguém por sermos nós próprios? Discretos, amuados, infelizes, deprimidos... Porque não? Porque não atrai a tristeza, se todos, no fundo, somos tristes... Tristes e felizes, entenda-se, porque ambos são estado de alma... Qual dos dois descreverá melhor cada um de nós? Estaremos dispostos a levar com a tristeza de outros? Pelo menos é honesta.
Se eu tivesse uma bola de cristal tentaria ver o futuro e se as opções que fazemos se projectam da forma como desejamos ou se todas as nossas expectativas não passam de fraudes que nos mantêm iludidos e que depois nos destroem, destroçam, nos fazem sentir que desperdiçamos aquilo que temos de mais valioso, que é o nosso tempo, a nossa vida.
Sinceramente não sei se existe alguém no mundo que mereça essa entrega, essa dedicação. Esse tempo em que nos anulamos, que aceitamos abrir mão do que idealizamos e outrora exigimos. Alguém valerá esse tempo que não tem volta nem compensação, nem segunda chance?
Cada vez tenho mais dúvidas.
Ontem, ao ouvir mais uma triste história, de 20 e tal anos perdidos, completamente reduzidos ao que a vida tem de mais amargo, que se chama desilusão, não pude deixar de me sentir muito infeliz.
Esse sentimento foi de pena, solidariedade e de muita descrença. Uma vida dedicada a uma fraude, complectamente perdida e que agora não pode ser recuperada.
Esta história é só mais uma de tantas outras. Só mais uma para nos fazer sentir frustrados, desanimados e confusos.
Confusa como me sinto hoje e já me sentia ontem.
Cabe a cada um de nós fazer a sua escolha. Se continuar a lançar os dados e a acreditar que é possivel ou se a escolha somos Nós. Na elevação máxima do egoísmo e egocentrismo que advém dessa escolha, mas a garantia de que há realmente alguém que se dedica e entrega a fazer-nos feliz: Nós próprios.